Aprendizagem Socioemocional

Aprendizagem Socioemocional

Em tempos actuais são múltiplos os desafios e velozes as mudanças em nossa realidade. A escola, as instituições, nestes tempos, é que precisam acompanhar a velocidade e ao mesmo tempo criar estrutura para que alicerces e paradigmas sejam material de construção educativo.

Treinar habilidades socioemocionais para o desafio das escolas do século XXI é necessário para que a educação continue “nos trilhos”. E mais, para que o protagonismo, a autonomia e o desenvolvimento saudável e integral do ser humano possa encontrar suas bases.

O ensino tradicional foi pensado para atender antigas demandas, educando alunos em uma sociedade que não era globalizada e tecnológica como a actual. Nele, o professor era o responsável por ensinar o conteúdo e os estudantes participavam das aulas apenas a fazer perguntas e esclarecer dúvidas.

Entretanto, com todas as mudanças que têm ocorrido, sobretudo na educação, os alunos têm se tornado cada vez mais protagonistas do seu próprio aprendizado. Dessa maneira, é fundamental que a escola busque estratégias de aprendizagem mais abrangentes, flexíveis e que buscam uma formação integral, alinhada aos desafios e necessidades do mundo contemporâneo.

O acto de aprender envolve outras competências além do aspecto cognitivo, como é o caso da dimensão socioemocional, que contempla a motivação, persistência, criatividade, entre outras características. Neste artigo, vais ler sobre como essas competências socioemocionais, além de provocarem efeitos positivos na vida dos alunos, contribuem directamente para o aprendizado cognitivo. Confira!

O que é a aprendizagem socioemocional?

O ensino socioemocional consiste em um desenvolvimento que vai além do puramente cognitivo, porque prevê o desenvolvimento de atitudes ligadas ao caráter e aos valores da pessoa - empatia, comunicação, respeito, tolerância, pensamento crítico entre outros.  

Nos Estados Unidos a Instituição Casel (Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning), uma das mais renomadas do mundo acerca do tema, apresenta estudos e Programas dentre os quais, o programa SEL (Social and Emotional Learning).

Segundo o modelo CASEL a aprendizagem socioemocional é definida com base em cinco áreas:

1. Autoconhecimento – capacidade de reconhecer com precisão as próprias emoções, pensamentos, valores e como eles influenciam o comportamento. Assim, pode-se avaliar com precisão os pontos fortes e as limitações de uma pessoa.

2. Autorregulação – capacidade de regular, com sucesso, as próprias emoções, os pensamentos e os comportamentos em diferentes situações, administrando com eficiência o estresse, controlando os impulsos e motivando a si mesmo. Esta é uma capacidade importante para trabalhar os objectivos pessoais e acadêmicos.

3. Consciência social – capacidade de poder trabalhar a cooperação e empatia com os outros para lidar com as diferenças. Por intermédio desta consciência, pode-se compreender as normas sociais, éticas e os comportamentos.

4. Habilidades de relacionamento – capacidade de estabelecer e manter relacionamentos saudáveis e gratificantes com diversos indivíduos e grupos. Promove as condições de se comunicar claramente, ouvir bem, cooperar com os outros, resistir às pressões da sociedade, negociar conflitos e procurar oferecer ajuda quando necessário.

5. Tomada de decisão responsável – capacidade de fazer escolhas construtivas a partir do comportamento pessoal e suas interacções sociais com base em padrões éticos, preocupações com segurança e normas sociais. Pode-se avaliar as consequências de várias acções e suas relações com o próprio bem-estar e dos outros.

Sendo assim, a escola tem o papel de ajudar os estudantes a desenvolver a sua dimensão socioemocional. Isso porque os alunos devem receber uma educação integral, que os prepare para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea.

Qual é a importância do desenvolvimento socioemocional para a vida?

O trabalho das competências socioemocionais ajuda tanto as crianças quanto os adultos a lidar com as situações do dia-a-dia no mundo actual. Isso engloba resolver desafios com criatividade e responsabilidade, pensar em soluções para conflitos, demonstrar empatia, ter uma boa comunicação e tomar decisões de forma coerente e assertiva. Sendo assim, todas essas características contribuem para a formação de um cidadão íntegro.

Ainda assim, a discussão sobre o trabalho socioemocional é relativamente recente e tem se tornado cada vez mais relevante diante do reconhecimento de que a escola deve formar um aluno criativo, responsável e ético, e não um estudante que é capaz de memorizar conteúdos, mas incapaz de analisá-los criticamente.

Nesse contexto, as instituições têm o desafio de implementar práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento segundo essa nova realidade. O papel da escola vem se transformando, sobretudo devido às mudanças que têm ocorrido com a globalização e o avanço da tecnologia. A responsabilidade da instituição de ensino se transforma, expandindo-se para a dimensão socioemocional dos estudantes, para que alcancem sucesso na vida pessoal e profissional.

Educação integral: como o ensino socioemocional auxilia no aprendizado cognitivo?

Por muito tempo acreditou-se que as competências cognitivas e socioemocionais eram dissociadas e que a última era menos relevante para a formação do aluno. Entretanto, a educação integral tem tido uma relevância maior por apresentar uma relação direta de impacto no aprendizado cognitivo.

A educação integral compreende o desenvolvimento de ambos os tipos de competências, considerando que em conjunto elas contribuem para a formação completa dos estudantes. Os alunos possuem emoções, estabelecem vínculos com os professores, com os colegas de classe, com a família e com o mundo e, por isso, não é mais possível a restrição à cognição em sala de aula.

Os alunos com competências socioemocionais mais desenvolvidas apresentam uma maior facilidade de aprender os conteúdos. Isso está relacionado ao facto de que aprender envolve outras competências além do raciocínio, da compreensão e da memória. O aprendizado exige que a pessoa saiba controlar as emoções e também que tenha motivação.   

Como trabalhar o ensino socioemocional na escola?

A implementação do trabalho socioemocional é um desafio para as escolas e portanto, existe a necessidade de buscar estratégias para desenvolver tal processo. O mais importante é que a instituição invista no professor, sobretudo na sua formação continuada.

O educador é muito mais que apenas o transmissor de informações e conhecimento, ele é responsável por realizar a mediação do aprendizado e auxiliar os alunos a se desenvolverem. O docente deve utilizar o “seu fazer pedagógico”, da sua vivência para enriquecer a sua prática em sala de aula, de forma a cultivar o desejo de aprender.

Além disso, é importante considerar que o professor também contribui para o desenvolvimento do estudante por meio do exemplo. Sendo assim, um docente que tem um bom controle das suas emoções e que se posiciona de maneira ética e positiva em sala colabora para a formação socioemocional dos alunos.

O trabalho socioemocional também pode ser implementado por meio de práticas pedagógicas pensadas especificamente para o trabalho dessas competências. Nesse caso, a construção de um currículo integrado, que incorpore o diálogo, o pensamento crítico e a curiosidade, tem muito a contribuir com a formação socioemocional.

Conclusão

No contexto actual de profundas transformações, a escola deve se adaptar para formar os alunos de forma integral, indo além do desenvolvimento puramente cognitivo.  

Dessa forma, é fundamental que as instituições busquem implementar o trabalho das competências socioemocionais, que têm como objectivo contribuir positivamente na formação dos alunos como cidadãos e, ainda, estão ligadas ao processo de aprendizagem. Além disso, o desenvolvimento dessas competências tem muito a contribuir no combate ao bullying, uma vez que promove a construção de valores como a empatia e o respeito às diferenças.

É importante ressaltar que a Educação Socioemocional é o processo através do qual os alunos aprendem, dentro do currículo escolar, a refletir e efectivamente aplicar conhecimentos, atitudes e competências necessárias ao longo da vida escolar. Por intermédio das actividades propostas, busca-se educar os corações e inspirar mentes, materializando projectos que contribuam para as transformações destes alunos e, consequentemente, do mundo ao seu redor.

Destaca-se ainda que um programa de educação socioemocional deve estar alinhado com as demandas globais e locais da educação, seguindo orientações e diretrizes baseadas em pesquisas sérias e conclusivas a respeito da abordagem a ser adotada.

Em conformidade com os 4 pilares da educação preconizados pela UNESCO (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser) e as considerações do CASEL (Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning), as escolas possivelmente desenvolverão subsídios para tornar a aprendizagem socioemocional, baseada em evidências, em uma parte integrante da educação básica, aumentando a capacidade dos alunos de integrar habilidades, atitudes e comportamentos para lidar de forma eficaz e ética com as tarefas e desafios diários.

Fontes:

https://casel.org
https://www.somospar.com.br/como-o-ensino-socioemocional-pode-contribuir-com-o-desenvolvimento-cognitivo 
https://neuroconecte.com/aprendizagem-socioemocional-uma-licao-para-todos 
http://www.portalguiaescolas.com.br/acontece-nas-escolas/metodologia-de-ensino/o-que-e-educacao-socioemocional 

Adaptado por: Profª Eliane Ap. Zulian Delázari