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Autismo: os diferentes tipos, conceitos e como identificar
Com certeza já ouviste falar sobre autismo. Isso porque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje essa condição atinge 1 em cada 160 crianças no mundo.
Mesmo assim, o autismo ainda é visto pelas pessoas como um tabu. Além disso, as pessoas tendem a ter uma visão errada do que é esse transtorno e quais são as características de uma pessoa autista.
Por isso, é preciso esclarecer as principais dúvidas sobre esse tema tão importante e prevalente para a nossa sociedade.
O que é o autismo (TEA)?
O autismo é considerado um transtorno mental de desenvolvimento que causa problemas na:
Nem todo mundo sabe, mas quando se fala em autismo, refere-se não a uma condição uniforme, isto é, que se apresenta de forma semelhante em todas as crianças com o quadro.
Por tal motivo, o autismo recebe o nome completo de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), desde 2013, no lançamento da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).
Ou seja, há uma complexidade muito grande relativa aos sinais e sintomas do transtorno. Confira quais são alguns deles por área afectada:
Comunicação e interacção social:
Comportamentos:
A ciência e especialistas podem avaliar e estudar melhor os graus de autismo a partir dessa consideração dos sintomas dentro dos espectros.
Para reforçar, isso quer dizer que cada condição de autismo deve ser analisada por especialistas em saúde mental devido sua grande individualidade.
O autismo tem cura?
O autismo não tem cura, ou seja, uma criança diagnosticada com autismo, seguirá autista durante todas as fases da sua vida.
A diferença está no desempenho dessas pessoas, que, com acompanhamento médico e psicológico, podem desenvolver mais suas habilidades sociais.
Por isso, quando o diagnóstico e tratamento começam cedo, mais eficiente é a resposta e o dia-a-dia dessa pessoa se torna mais fácil.
Em geral, o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) se dá entre os 3 primeiros anos de idade. Diferente de um transtorno conversivo, por exemplo, que tem um aparecimento agudo, o Transtorno do Espectro Autista normalmente é identificado por meio de pequenos detalhes do dia-a-dia da criança, que fazem com que se procure ajuda especializada.
Quais são as causas do autismo?
Não existe uma causa única e determinada para o autismo na infância.
Até os anos 80, o autismo era considerado um transtorno adquirido por influência de factores do ambiente.
O que se sabe hoje, porém, é que o autismo é resultado de uma série de alterações no funcionamento normal do cérebro. Ou seja, a comunidade médica acredita que factores genéticos representam cerca de 90% das causas do autismo, enquanto factores ambientais só são responsáveis por 10%.
Mas, apesar da genética ter o maior papel nessas causas, nenhuma alteração genética específica foi apontada. Pelo contrário, é provável que existam muitas mutações genéticas que podem causar o autismo.
Quais os principais sintomas do autismo (TEA)?
Todas as pessoas que têm autismo apresentam sinais e sintomas em comum como por exemplo:
Mas, vale lembrar que os sinais e sintomas de autismo (TEA) vão afectar cada pessoa de maneira e intensidade diferentes.
Ou seja, isso depende de factores como:
Além disso, algumas pessoas autistas podem ter dificuldades de aprendizado em diversas fases da vida como, por exemplo:
Enquanto muitos podem levar uma vida relativamente “normal”, outros autistas podem precisar de ajuda profissional durante toda a vida por conta dos sinais e sintomas do TEA.
Autismo infantil: como identificar os primeiros sinais?
Os primeiros sinais de autismo geralmente surgem quando a criança tem entre 2 e 3 anos de idade. Isso porque esse é o momento em que ela inicia uma maior interacção e comunicação com as pessoas e o ambiente. Por isso, veja algumas características que podem te ajudar a identificar se uma criança pode apresentar o Transtorno de Espectro Autista:
Sinais e sintomas do autismo na interacção social
Sinais e sintomas do autismo na comunicação e linguagem
Sinais e sintomas do autismo no comportamento e personalidade
Adolescentes e adultos autistas: quais os sintomas?
O autismo em adultos e adolescentes pode ser mais leve por dois motivos principais: ou os sinais e sintomas do TEA passaram despercebidos durante a infância ou devido a melhora por meio de tratamentos especializados.
Características comuns em jovens autistas
Quais os tipos de autismo?
Segundo a classificação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), existem alguns tipos de autismo. Cada um representa uma intensidade e jeitos diferentes de como o autismo se manifesta. Por isso, conheça quais são elas e suas diferenças:
1. Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
Pessoas que são diagnosticadas com o Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, são aquelas que têm um grau de autismo um pouco maior do que a Síndrome de Asperger.
A pessoa pode ter diversos e diferentes sintomas, mas os mais comuns são: interacção social prejudicada e problemas na fala.
2. Transtorno Autista
O transtorno autista abrange todas as crianças e adultos que apresentam sinais e sintomas mais graves do que os manifestados na Síndrome de Asperger e no Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.
Nesse tipo de autismo, a capacidade social, cognitiva e linguística é bastante afectada, além de terem muitos comportamentos repetitivos.
Esse grau do espectro autista normalmente é diagnosticado antes dos três anos de idade e ele pode ser identificado por meio de alguns sinais como:
Por que o autismo é mais comum em meninos?
Isso ocorre porque a genética masculina é diferente da feminina.
Entre as principais diferenças está que as meninas carregam duas cópias do cromossomo sexual X e os meninos só uma (o outro cromossomo sexual é representado pelo Y).
Assim, postula-se dentro da ciência que o cromossomo sexual X seria um factor de protecção para o desenvolvimento do transtorno do espectro autista.
Todos nós temos em nosso material genético genes que expressam determinados tipos de proteínas.
Estas, estão relacionadas a alguns transtornos mentais e também doenças físicas.
Por conta das inúmeras variações entre os genes dos meninos e das meninas, os córtex dos cérebros (parte onde ficam os corpos celulares dos neurônios) de homens são mais finos que os das mulheres.
Além disso, uma diferença marcante entre rapazes e moças é que aqueles têm uma quantidade de testosterona maior que estas.
Essa discrepância existe desde a vida fetal, o que pode tornar os meninos mais suscetíveis ao desenvolvimento de sintomas como:
Níveis do Autismo
Além desses tipos de transtornos, o autismo também apresenta três diferentes níveis (desde o mais leve até o mais grave):
Tratamento do autismo
O principal objectivo do tratamento do autista é reduzir os sintomas a partir do aprendizado e desenvolvimento. Ou seja, isso melhora as habilidades sociais e comunicação dessas pessoas.
Não existe um único tratamento, pois cada autista tem a sua própria dificuldade e grau de resposta às actividades.
Por isso, apenas um especialista poder dizer quais são as melhores práticas para cada pessoa.
Veja algumas possibilidades de tratamento:
1. Fonoaudiologia
A Fonoaudiologia é um dos tratamentos mais importantes. Isso porque se concentra nas habilidades de linguagem e comunicação das pessoas. Esse profissional pode ajudar a pessoa a melhorar sua comunicação social e o uso funcional da linguagem.
2. Ludoterapia
A Ludeterapia é indispensável para crianças diagnosticadas com autismo. Ou seja, por meio de brinquedos e jogos que atraem o interesse da criança, o terapeuta trabalha a interacção social e o contacto visual.
3. Grupos de habilidades sociais
Os grupos de habilidades sociais são reuniões entre pessoas que têm autismo, do grau mais leve até o mais grave, para praticar interacções comuns no dia-a-dia.
4. Análise Aplicada do Comportamento (ABA)
A ABA é uma análise comportamental da criança por meio dos princípios da teoria do aprendizado. Isso tem o objectivo de amenizar certos comportamentos e estimular outros, como por exemplo o modo como a criança lida com os lugares diferentes.
5. Medicação
Não existe uma medicação direccionada propriamente ao tratamento do autismo. Mas tem remédios que podem ajudar a melhorar alguns problemas que aparecem em pessoas com autismo, como por exemplo:
Para pais, amigos e familiares
Por causa de todas essas dificuldades de comunicação, interacção social e alterações comportamentais, o autismo não afecta só a pessoa que tem o transtorno e sim, impacta a rotina de toda a família.
Os cuidados para uma criança autista e os desafios que os pais têm que enfrentar podem ser muito exaustivos física e emocionalmente.
Por isso, separamos algumas dicas que podem ser muito úteis para conviver melhor:
1. Construa uma rede de apoio
Tomar decisões sobre a educação e o tratamento do seu filho autista não é uma tarefa fácil.
Por isso, é muito importante o suporte de uma equipe de profissionais qualificada e de confiança como, por exemplo:
Outra dica valiosa é procurar o apoio de outras pessoas que passam pelo mesmo que você. Mas, se ainda sim você está se sentindo mal, procure a terapia. Você não precisa passar por isso sozinho.
2. Tire um tempo para si mesmo
Lidar com os desafios do autismo pode ser difícil. Por isso, tire um tempo só para você e relaxar um pouco fazendo actividades que podem te dar prazer como, por exemplo:
Isso evita que seus relacionamentos pessoais e familiares não sejam afectados por essa rotina estressante.
Símbolos do autismo
Alguns dos principais símbolos do autismo são:
Vejamos mais sobre os significados desses símbolos:
O quebra-cabeça é um símbolo bem comum do autismo. Esse símbolo representa toda a complexidade que envolve o TEA e a dificuldade que eles têm para se encaixar na sociedade.
Além disso, a fita é um símbolo que mostra que é possível alguém com autismo viver a vida de forma plena e funcional.
Nesse sentido, o símbolo do laço é usado para demonstrar os locais especiais reservados para aqueles que possuem autismo.
Dia mundial de conscientização do autismo
A ONU instituiu o dia 2 de abril como Dia Mundial de Conscientização do Autismo, ou apenas Dia do Autismo, com objectivo de alertar e ampliar o debate sobre a doença.
O primeiro evento ocorreu em 2008 e desde então, vêm se provando uma excelente ferramenta de quebra de preconceitos e de falta de informação.
Autismo na mídia
Falar sobre o autismo também é uma responsabilidade da mídia, que tem como principal papel informar e trazer mensagens positivas e estimulantes para quem convive com esse transtorno por perto.
Filmes sobre autismo, documentários, relatos e casos de superação, sempre são uma boa pedida para quem quer ter ainda mais conhecimento sobre o tema.
Filmes como Tudo que eu Quero (2017) e clássicos como Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador (1993), com Leonardo DiCaprio, trazem para as telas o tema sobre os espectros do autismo, relatando a vida de seus personagens.
Além disso, pessoas famosas como Lionel Messi, jogador de futebol argentino, a cantora, Courtney Love, o nadador Michael Phelps, e o cineasta Tim Burton, são sinônimos de pessoas com certo grau de autismo que conseguiram sucesso e bom desempenho na carreira mesmo com os sinais e sintomas do espectro.
Saiba mais sobre autismo e sobre opções de tratamento
Procure sempre se informar sobre o autismo e as novidades sobre tratamento e técnicas de interacção.
Existem muitos mitos sobre a questão e sempre há novos estudos buscando tecnologias e terapias inovadoras para o tratamento dos sinais e sintomas do autismo.
No site zenklub.com.br você pode encontrar o seu apoio psicológico online com especialistas. O importante é não deixar debuscar ajuda.
Fonte:
https://zenklub.com.br/blog/saude-bem-estar/autismo/
Publicado por Dr. Rui Brandao - Rui Brandão é médico, com experiência em Portugal, Brasil e Estados Unidos da América, e mestre em Administração pela FGV em São Paulo. Hoje é CEO & Co-fundador do Zenklub, plataforma de saúde emocional e desenvolvimento pessoal que oferece conteúdos, profissionais e ferramentas especializadas para mais de 1.5 milhões de pessoas no Brasil.
Texto adaptado por: Profª Eliane Aparecida Zulian Delázari