O que é pedagogia afectiva?

Postado por inovar 05/02/2021 0 Comentários

O que é pedagogia afectiva?

 

 
 
 
Pedagogia afectiva
 
 
Essa teoria é uma das novas tendências para o futuro do Ensino Pré-Escolar e, se estende também, para qualquer nível da educação. Para explicar tudo sobre o tema que tem ganhado cada vez mais espaço nas escolas e instituições de ensino, encontrarás neste artigo um manual completo sobre o assunto, onde aprenderás todos os seus benefícios, fundamentos e metodologias.
Antes de mais nada, é importante frisar que a transição entre os séculos XX e XXI foi fortemente marcada pela percepção da importância da saúde mental e socioemocional ao longo da vida. Além disso, esse foi o ‘start’ para cada vez mais pesquisadores e pedagogos buscarem formas de trabalhá-las logo nos primeiros anos do ser humano — já que trazem resultados comprovados para o bem-estar mental do indivíduo desde a infância até a fase adulta. A pedagogia afectiva se faz presente e necessária ainda mais neste contexto de pandemia, distanciamento social e muitas regras de convívio.
 
 
O que é pedagogia afectiva?
 
 
O distanciamento entre a comunidade escolar — o que envolve educadores, alunos e familiares — é, na realidade, uma das causas dos déficits no aprendizado e que impede o desenvolvimento cognitivo e social da criança. Para resolver esse impasse surgiu a pedagogia afectiva. Isso acontece porque o afecto é um traço de personalidade responsável por gerar consciência, valor e sensibilidade de uma pessoa com o mundo. 
 
 
Assim, a partir deste contexto, a educação afectiva usa a seu favor os aspectos emocionais e sentimentais para estimular o interesse pelo conhecimento e formação de senso crítico.
 
 
Desse modo, a pedagogia da afectividade é também uma aliada na construção da cidadania, tendo como alguns de seus princípios a democracia, a justiça e a inclusão.
 
 
Benefícios da pedagogia afectiva
 
 
Um equívoco que não pode ser cometido é acreditar que, devido não ser uma disciplina exclusiva e de carácter avaliativo, a aprendizagem afectiva não possui resultados concretos, muito pelo contrário. Quando trabalhada de forma correta — ou seja, seguindo os princípios definidos por pedagogos e psicopedagogos —, a educação afectiva provoca benefícios que se tornarão indispensáveis na fase adulta. 
 
 
Conheça os três principais ganhos de se ter a pedagogia do afecto como base educativa. São eles:
 
 
1. Torna o aprendizado mais agradável
 
 
Embora a infância seja a fase mais intensa para o aprendizado, crianças não são máquinas programadas para estudar, o que pode fazer com que a rotina de tarefas escolares e as lições de casa às vezes se torne um processo monótono e pouco produtivo. Ou seja, o interesse pelos estudos tende a cair significativamente.
 
 
A pedagogia afectiva leva todos esses factores emocionais e psicológicos em consideração e cria uma relação de respeito com os limites do pequeno — que precisam ser compreendidos. Em suma, o objectivo aqui é estabelecer o equilíbrio entre a disciplina com os estudos e a inclusão do afecto e do contacto humano dentro dessas actividades para que aprender seja sinônimo de momentos agradáveis e divertidos.
 
 
2. Fortalece as relações sociais da criança
 
 
Um dos maiores dilemas do século é o constante encolhimento das interacções pessoais, uma vez que o estilo de vida acelerado e as novas tecnologias têm substituído as confraternizações presenciais por rápidas mensagens de textos e chamadas de vídeo que duram apenas alguns minutos, como exemplo temos o actual momento da pandemia, a qual corroborou esse processo. Esse distanciamento pode provocar a perda de importantes habilidades sociais, como a empatia e a solidariedade.
 
 
Justamente por promover o afecto e a valorização das emoções, a pedagogia afectiva ajuda a fortalecer as relações e estimula a criança a criar vínculos mais profundos e sinceros com os outros — já que a preocupação com o lado sentimental e menos objectivo é um dos seus princípios. Além disso, essa criação de valores que começa na escola tende a se estender pelos demais círculos sociais dos pequenos.
 
 
 
3. Desenvolve a autoconfiança e maturidade
 
 
Trabalhar os sentimentos das crianças é o melhor caminho para amadurecê-las de forma consciente e ponderada. Afinal, a infância é repleta de medos incoerentes e desejos insistentes que atrapalham as novas experiências do pequeno e, por consequência, interferem também no processo de aprendizado e na formação da personalidade, deixando ambos limitados e enfraquecidos.
 
 
A pedagogia afectiva desenvolve justamente as habilidades socioemocionais e prepara o intelecto da criança para lidar com frustrações, dificuldades e inúmeras situações adversas que estamos sujeitos diariamente. Além disso, vale lembrar que pessoas seguras de si, emocionalmente estáveis e com o autoconhecimento desenvolvido são menos preconceituosas e lidam muito melhor com as diferenças e pluralidades sociais. Ou seja, o pequeno desde cedo passa a formar um carácter justo e empático.
 
 
Qual importância da pedagogia da afectividade na infância?
 
 
Mas, além de todos esses factores que colaboram para a percepção de mundo, como a pedagogia do afecto interfere no aprendizado? Segundo o psicólogo russo e estudioso do desenvolvimento intelectual infantil, Lev Vygotsky, o progresso das capacidades biológicas está diretamente ligado ao meio no qual a criança está inserida.
 
 
Simplificando, a relação entre o choro do bebê e suas necessidades de sono e fome é um exemplo de como acções emocionais — neste caso, o choro — estão interligadas a factores físicos. Com o passar dos anos e com as habilidades comunicativas em constante aprendizado, essa relação de lágrimas tende a ser substituída por outros sentimentos, sempre de acordo com as experiências físicas do indivíduo.
 
 
Sentimentos de medo, insegurança, vergonha e timidez são alguns dos que podem surgir durante o contacto com factos novos e desconhecidos, especialmente na escola. E é aqui que mora o problema, pois se o ambiente externo não utiliza a pedagogia do afecto para combater as emoções negativas e produzir uma conduta de acolhimento e harmonia, é quando surgem os primeiros indícios da defasagem escolar e do bloqueio do aprendizado. Viu só como tudo está interligado e como a educação afectiva é fundamental?
 
 
Em que se baseia a pedagogia do afecto?
 
 
Para que os problemas mencionados anteriormente possam ser corrigidos de maneira adequada — e também para que a chamada educação afectiva seja um factor positivo no desenvolvimento intelectual da criança —, alguns princípios são usados como base para a elaboração das estratégias e das metodologias de ensino. São elas:
 
 
Solidariedade: A solidariedade com os outros ao seu redor é utilizada para garantir o respeito entre os colegas e criar um ambiente onde todos sintam-se seguros, amados e ouvidos. Na pedagogia afectiva, os educadores são encarregados de abordar esse princípio de forma activa e utilizá-lo como um dos meios mais importantes para aproximar a comunidade escolar, em especial os pais e responsáveis dos pequenos.
 
 
 
Direitos e deveres: Todo cidadão possui direitos e deveres, e na infância não é diferente. É dever de toda criança ter comprometimento com os estudos, ser gentil com o próximo e preservar o meio ambiente, por exemplo. Enquanto isso, o direito ao lazer, ao descanso e à segurança também devem ser garantidos.
 
 
 
Sensibilidade: A pedagogia da afectividade tem como uma de suas maiores bases a valorização da sensibilidade e das expressões pessoais. Uma vez que essas duas características são despertadas no aluno, conceitos da empatia, dos valores sociais e do prazer ao aprendizado também ficam muito mais evidentes nas acções dos pequenos e nos seus relacionamentos com outras pessoas.
 
 
 
Criatividade: O aprendizado e a criatividade andam lado a lado na Educação Pré-Escolar, bem como a capacidade de imaginação. Ou seja, pela expressão da criatividade os pequenos aprendem a solucionar problemas e lidar com sentimentos de raiva e alegria, por exemplo, além de descobrirem como o próprio comportamento gera uma reacção à sua volta. Assim, com auxílio da pedagogia afectiva, o propósito é não limitar a imaginação da garotada, mas direccioná-la para ser usada com sabedoria e coerência.
 
 
Como funciona a aprendizagem afectiva?
 
 
Para Maria Augusta Sanches Rossini, pedagoga e autora do livro “Pedagogia Afetiva”, o facto dos adultos terem cada vez mais dificuldade nas suas relacções sociais está associado directamente com as referências e estímulos recebidos durante os primeiros anos de vida — ou seja, na escola e em casa, que são os locais onde a criança passa a maior parte de seu tempo.
Para corrigir essa lacuna socioemocional que se instalou em algumas gerações, a pedagogia do afecto deve modificar a dinâmica de ensino em três aspectos diferentes que elencamos a seguir:
 
 
1. Relacção escola-aluno
 
 
Como citamos no início, o distanciamento entre a comunidade escolar é o grande obstáculo que a pedagogia do afecto visa solucionar. Isso começa na relação que o aluno tem com sua escola, com os professores, com os colegas de classe e, principalmente, com o acto de estudar e de se dedicar a aprender novos conteúdos diariamente.
 
 
Apesar da intenção aqui ser a de deixar essa relação mais leve e repleta de bons valores, a pedagogia afectiva não elimina a necessidade de estabelecer limites dentro de uma sala de aula e corrigir os alunos sempre que for preciso. Afinal, o diálogo honesto e justo deve ser a base para se manter a disciplina e a responsabilidade dentro e fora do ambiente escolar.
 
 
2. Relação aluno-sociedade
 
 
A criança que aprende — através da pedagogia da afectividade — a importância de seguir regras, de ter comprometimento com suas obrigações e de se comportar em diferentes ocasiões está apta para viver outras experiências em sociedade, tudo isso longe de constrangimentos, de ilegalidades e de qualquer situação que ofereça perigo a sua integridade física.
 
 
Os conceitos de cidadania também ficam melhor definidos, tornando-a uma pessoa mais consciente sobre seus deveres sociais e, claro, bem preparada para lidar com as amizades, a família e os demais grupos nos quais estiver inserida, evitando cenários desgastantes e conseguindo solucionar conflitos facilmente.
 
 
3. Relação família-escola
 
 
A pedagogia afectiva também depende fortemente de uma boa relação com os pais e/ou responsáveis da criança, já que os exemplos dados em casa tendem a possuir uma influência muito mais forte na personalidade dos pequenos. Logo, os ideais da família precisam estar alinhados com a escola.
 
 
Isso quer dizer que pais interessados em adoptar as metodologias da pedagogia da afectividade na criação dos filhos, antes de mais nada, devem escolher cautelosamente uma instituição de ensino com profissionais qualificados e com um plano pedagógico bem definido — e que estejam de acordo com o conceito de educação afectiva.
 
 
Conhecer os processos de aprendizagem e entender como ocorre o desenvolvimento infantil é o primeiro passo para proporcionar uma educação de qualidade aos seus filhos. 
 
 
Introduzir a pedagogia afectiva nesse processo é optar pela formação integral do pequeno, que em breve estará pronto para interagir com o mundo e oferecer seus conhecimentos na construção de uma sociedade muito melhor!
 
 
Fonte: https://redballoon.com.br/blog/pedagogia-afetiva/ 
 
 
Adaptado por: Profª Eliane Ap. Zuliam Delázari