Os quatro pilares da educação

Postado por inovar 11/04/2019 0 Comentários

 

Os quatro pilares da educação

 

 

  Em 1990, na cidade de Jomtien, Tailândia – Ásia realizou-se uma Conferência Internacional sobre Educação, patrocinada pela UNESCO e ao término da mesma se elaborou um documento de valor incontestável: “A Declaração Mundial sobre a Educação para Todos”. 

 

  Neste documento ficou claro que o papel da educação não mais poderia ser o de simplesmente informar os saberes que a humanidade acumulara e sim de transmitir de forma maciça e eficaz novos saberes, mas também encontrar e assinalar as referências que impeçam as pessoas de ficar submergidas nas ondas maciças de informações.

 

  Neste sentido, o professor que anteriormente exercia o papel de agente transmissor de informações passa a exercer o papel de selecionador dessas informações, seu decodificador, mostrando como descobri-las e selecioná-las e de que maneira transformá-las em saberes.

 

  Procurando dar contornos pragmáticos a esse novo papel da educação e inspirados nos desafios de Jomtien, especialistas do mundo inteiro prepararam um Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, “Educação: Um tesouro a Descobrir” coordenada por Jacques Delors. Este relatório representa uma revisão crítica à política educacional para as salas de aula de todo o mundo e fundamenta-se em grandes objectivos e em estratégias para alcançá-los. Diante deste estudo foram criados os Quatro Pilares da Educação pensando em como a educação engloba mais do que imaginamos, em como ela poderia evoluir, abordar mais aspectos importantes dentro do ambiente escolar, mas sempre mantendo a alta qualidade e focando em criar novas gerações ainda mais preparadas para mudar e melhorar o mundo!

 

  Para buscar respostas plausíveis aos desafios que essa nova educação impõe, o educador deve organizar-se e delinear as quatro aprendizagens essenciais que ao longo de toda vida serão, de algum modo, sua bússola segura.

 

Aprender a conhecer

 

  Aprender a conhecer é adquirir as competências para a compreensão, incluindo o domínio dos próprios instrumentos de conhecimento.

 

  Quem aprende a conhecer aprende a aprender e essa aprendizagem é absolutamente essencial para as relações interpessoais, as capacidades profissionais e os fundamentos da vida digna.

 

  Na aprendizagem deve imperar habilidades para se construir conhecimentos, exercitando os pensamentos, a atenção e a memória, selecionando as informações que efetivamente possam ser contextualizadas com a realidade que se vive e capazes de serem expressas através de linguagens diferentes.

 

Aprender a fazer

 

  Aprender a fazer enfatiza a questão da formação profissional e o preparo para o mundo do trabalho.
 

  A escola, desde a Educação Infantil, deve ressaltar a importância de se pôr em prática os conhecimentos significativos ao trabalho futuro.
 

  Aprender a fazer não é preparar alguém para uma tarefa determinada, mas sim para: 

 

• despertar e estimular a criatividade para que se descubra o valor construtivo do trabalho; 
• sua importância como forma de comunicação entre o homem e a sociedade; 
• seus meios como ferramentas de cooperação;
• transformar o progresso do conhecimento em novos empreendimentos e em novos empregos.

 

Aprender a viver juntos, a viver com os outros

 

  Para que aprender a viver juntos, a viver com os outros possa verdadeiramente acontecer é essencial que a escola se transforme em um verdadeiro centro de descoberta do outro. 

 

  Deve ser também um espaço estimulador de projetos solidários e cooperativos, identificados pela busca de objectivos comuns.

 

  Os caminhos do autoconhecimento e da autoestima são os mesmos da solidariedade e da compreensão.

 

  É essencial descobrir o outro a partir da descoberta de si mesmo.

 

Aprender a ser

 

  Aprender a ser retoma a ideia de que todo ser humano deve ser preparado inteiramente:

 

• Espírito e corpo;
• Inteligência e sensibilidade;
• Sentido estético e responsabilidade pessoal;
• Ética e espiritualidade.

 

  O ser humano deve ser preparado inteiramente para elaborar pensamentos autônomos e críticos e também para formular os próprios juízos de valores, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir em diferentes circunstâncias da vida.

 

  Com base nessa visão dos quatro pilares do conhecimento, pode-se prever grandes consequências na educação. O ensino-aprendizagem voltado apenas para a absorção de conhecimento e que tem sido objecto de preocupação constante dos professores deverá dar lugar ao ensinar a pensar, saber comunicar-se e pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e elaborações teóricas, ser independente e autónomo; enfim, ser socialmente competente.

 

ANTUNES, Celso. Como desenvolver as competências em sala de aula. 4.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.