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Telemóvel (celular) na escola: aliado ou vilão no cotidiano de crianças e adolescentes
Vivemos em uma era digital, onde o acesso à informação está ao alcance de um toque na tela do telemóvel. No entanto, esse avanço tecnológico também trouxe desafios, especialmente quando se trata do uso do telemóvel pelos jovens e adolescentes, principalmente no ambiente escolar.
O uso de telemóvel nas escolas é um tema que gera bastante discussão e reflexão. Por um lado, a tecnologia facilita o acesso à informação e pode ser uma ferramenta útil para o aprendizado. No entanto, o uso excessivo do telemóvel pode trazer consequências negativas para o ambiente escolar.
É inegável que os dispositivos móveis oferecem um vasto leque de recursos educacionais, desde acesso a livros digitais, aplicativos de aprendizado, até a possibilidade de realizar pesquisas de forma rápida e dinâmica. Além disso, o telemóvel pode ser um meio de comunicação importante em situações de emergência.
Por outro lado, o uso indiscriminado do telemóvel pode trazer distrações, prejudicar a concentração dos alunos e interferir negativamente no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, o uso excessivo das redes sociais e jogos pode impactar o bom andamento das aulas e até mesmo contribuir para o cyberbullying.
Portanto, o debate sobre o uso de telemóvel nas escolas deve ser pautado pela reflexão sobre como fazer uso consciente e educativo da tecnologia, é preciso buscar sempre o equilíbrio entre o acesso à informação e a preservação do ambiente escolar como um espaço propício para o aprendizado e convivência saudável.
Mas afinal, o uso do telemóvel na escola é benéfico ou prejudicial para os alunos? Ele pode realmente ser um aliado do ensino ou é o vilão de toda a história?
O que vem a ser discutido nos últimos tempos sobre esse assunto
No Brasil, como exemplo, um levantamento de 2019, o Comitê Gestor da Internet no Brasil apontou que 90% das crianças e adolescentes estão conectados à internet. Desse número, 95% utilizam o telemóvel como dispositivo principal para navegação.
Em 2021, ainda durante a pandemia de Covid-19, uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) analisou os dados de acesso à tecnologia. Ela comprovou que mais da metade das crianças de 10 a 13 anos já possuíam um telemóvel próprio.
Esse cenário nos mostra que a presença desse dispositivo na vida das nossas crianças e jovens é incontornável.
Na pandemia, na maioria dos países, o telemóvel e as telas tiveram forte presença também na escola. Afinal, eles foram companhia de muitas crianças e jovens durante o ensino remoto.
No entanto, o tempo de tela e o uso em excesso do telemóvel são uma preocupação frequente de muitos pais e educadores. E com razão!
Por um lado, o telemóvel possibilita o estreitamento de vínculos entre amigos e familiares. Além disso, incentiva a pesquisa e a curiosidade, facilita assim o acesso e a democratização da informação.
Por outro, existem riscos de um uso exagerado ou desorientado. Eles vão desde a exposição a conteúdos inapropriados até o desenvolvimento de sintomas como insônia e ansiedade.
Nesse contexto, é fundamental que pais, educadores e estudantes estejam actualizados sobre os riscos e benefícios da utilização do telemóvel na escola.
Professores e o telemóvel em sala de aula
Antes de tudo, é essencial estabelecer qual postura a escola irá adoptar quanto ao uso de telemóvel na escola. E a gestão escolar tem um papel importante na definição de tais diretrizes!
A gestão pedagógica deve ouvir a equipa de professores sobre o tema. Isso pode ser feito a partir de encontros formativos e debates em torno do uso de dispositivos digitais. Depois, ela deve oficializar orientações sobre o uso da tecnologia e do telemóvel na escola.
Professores devem estar atentos às indicações de tempo de tela por idade. Ademais, os docentes podem combinar, no início de cada aula, os momentos em que o telemóvel poderá ser utilizado. Do mesmo modo, é preciso explicitar quando os aparelhos devem ser silenciados e guardados nas mochilas.
Mas… e se o combinado for quebrado?
Uma dúvida frequente é se a escola pode apreender os aparelhos de estudantes para evitar a distração em sala de aula. No entanto, essa não é uma prática recomendada: vale muito mais o diálogo e combinados prévios. As medidas punitivas devem dar lugar às práticas educativas.
O ideal é mostrar aos estudantes o que significa um uso consciente do telemóvel. Afinal, o aparelho pode apoiar no consumo de conteúdos educacionais, comunicação com colegas, debates e pesquisas.
Como orientar os responsáveis para o uso do telemóvel na escola
É recomendado sempre comunicar à família quais actividades ou conteúdos foram oferecidos online. Desse modo, os responsáveis ficam cientes de que o uso do telemóvel tem intencionalidade.
E que tal convidar pais e responsáveis para conversar sobre a presença do telemóvel na escola?
Encontros ou palestras sobre tempo de tela e uso de tecnologias educacionais podem ser ótimos momentos de troca! Uma ponte com a escola apoiará os responsáveis nas regras e combinados para o uso do telemóvel fora do espaço escolar.
Manter essa via de diálogo com as famílias fortalece a parceria com a escola. Sem contar que pode auxiliá-las a enfrentar eventuais problemas de uso excessivo de outros tipos de telas.
Telemóvel na escola: vantagens
Quando o uso é mediado e tem um objectivo pedagógico explícito, o telemóvel na escola pode contribuir no processo de ensino. A seguir, confira as vantagens de utilizar o telemóvel em sala de aula.
A internet disponibiliza uma infinidade de textos, imagens, arquivos de áudio e vídeo. Cabe ao professor actuar como um curador, aquele que selecciona os recursos que irão complementar as aulas sobre determinado objecto do conhecimento.
Será interessante para uma aula de História o acesso a um documento histórico digitalizado? Um podcast de uma plataforma de streaming pode contribuir para debates em geografia ou biologia?
O telemóvel possibilita o acesso a conteúdos digitais de qualquer lugar! Uma prática interessante pode ser utilizar o whatsapp ou mesmo o e-mail para compartilhar conteúdos seleccionados com a sua turma.
Não podemos esquecer a importância do letramento digital na formação integral do indivíduo. Por isso, aprender a utilizar as mídias digitais com ética e segurança é um passo fundamental em um mundo imerso na tecnologia.
O telemóvel pode ser uma grande ferramenta para fomentar o letramento digital. Com ele, estudantes podem pesquisar como identificar fake news e checar factos e dados. Para sua própria segurança, também podem aprender a elaborar senhas fortes ou habilitar a verificação em duas etapas.
Com o advento das redes sociais, periódicos online e um acesso amplo à tecnologia, hoje lemos (e escrevemos!) o tempo todo.
Por isso, é imperativo que estudantes desenvolvam habilidades de leitura e escrita em diferentes tipos de mídia e suportes. Uma formação cidadã incentiva o uso consciente de discursos virtuais, desde mensagens de texto até artigos jornalísticos.
A formação leitora perpassa toda a interpretação do mundo e, hoje, a tecnologia e o telemóvel fazem parte dele!
Além disso, os livros digitais possibilitam a democratização do acesso à leitura literária. Imagina só ter milhares de livros na palma das mãos?
O ser humano nunca foi tão bombardeado por informações! Diferentes tipos de conteúdo estão em toda parte, no mundo online e no offline. Mas será que os nossos estudantes são capazes de navegar e pesquisar de forma segura e responsável?
Cabe à escola ensinar estratégias para que os alunos, de forma autónoma, busquem seus conteúdos favoritos em sites e plataformas confiáveis. Seja para estudo ou lazer!
A autonomia de pesquisa garante a formação de sujeitos mais críticos e cada vez mais conscientes de seus direitos e deveres.
Os smartphones permitem a utilização de uma ampla variedade de aplicativos educativos, que podem enriquecer o aprendizado em diferentes disciplinas.
Aplicativos interactivos podem transformar conceitos abstractos em experiências práticas e envolventes.
O uso de telemóveis facilita a colaboração entre os alunos por meio de ferramentas online. Aplicativos de edição colaborativa, como o Google Docs, possibilitam projectos em grupo, assim estimula habilidades de trabalho em equipa.
Telemóveis oferecem a capacidade de acessar recursos multimídia em tempo real, como transmissões ao vivo, webinars e vídeos educativos.
Isso amplia as opções de aprendizado, proporciona aos alunos uma compreensão mais dinâmica e prática dos tópicos abordados.
Os alunos podem usar aplicativos e ferramentas dos telemóveis para personalizar seus métodos de estudo. Isso pode contribuir para adaptar seu ritmo de aprendizado conforme suas necessidades individuais.
Por último, mas não menos importante, é preciso pontuar que os telemóveis podem contribuir para um ambiente educacional mais inclusivo.
Se necessário, invista em aplicativos e ferramentas educacionais que sejam acessíveis, com recursos como leitores de tela, legendas, opções de contraste e ajuste de tamanho de fonte.
Desafios do telemóvel na escola
Como vimos acima, o telemóvel pode ser uma ferramenta mediadora da aprendizagem. Tudo depende do uso que damos a ele!
E quando o telemóvel se mostra um desafio? A escola também deve estar preparada para evitar e enfrentar as consequências do uso em excesso e sem a devida mediação.
A escola é lugar de convívio e interacção! O uso em excesso do telemóvel pode impactar negativamente a formação social do indivíduo.
Um sintoma preocupante é evitar o convívio com os colegas, seja durante as aulas ou no recreio, para ficar no telemóvel.
Professores devem observar tais comportamentos e intervir junto à gestão e às famílias, com o apoio de especialistas de saúde mental.
Até os adultos tendem a acreditar que a grama do vizinho é mais verde. A influência das redes sociais nos adolescentes pode ser bastante nociva, especialmente quando o aluno passa muito tempo a navegar por ela.
E como a escola pode actuar? Educadores devem estar atentos aos sintomas de ansiedade e depressão, como irritabilidade, agressividade, tristeza e insegurança.
Diante disso, a equipa docente pode propor projectos de artes, literatura ou educação física que incentivem a expressão pessoal das turmas. Essa é uma estratégia preciosa para apoiar a autoestima e a empatia.
O caminho não é proibir o uso de telefones telemóveis ou acesso às redes sociais, mas trabalhar as competências socioemocionais para promover a saúde mental na escola.
Muitas horas no telemóvel, principalmente antes de dormir, podem causar danos como insónia em crianças e adolescentes.
A falta de sono é um risco para o desenvolvimento cerebral e, consequentemente, para a solidificação de aprendizados.
Quando ultrapassa os limites, o uso do telemóvel na escola também pode causar danos. Por isso, uma mediação de qualidade é indispensável!
Reforçamos aqui a importância dos combinados prévios: é preciso remover as distrações durante a fala do professor ou das actividades em grupo. A não ser que o telemóvel seja uma ferramenta necessária, é claro.
A constante disponibilidade de entretenimento nos smartphones pode levar à distração frequente durante as aulas. A tentação de verificar redes sociais ou jogar jogos pode prejudicar a concentração e o desempenho académico.
Alunos com acesso limitado ou nenhum acesso a dispositivos móveis podem sentir-se excluídos em actividades que dependem do uso de telemóveis. Isso pode acentuar as desigualdades sociais e económicas já existentes.
O compartilhamento de informações pessoais e imagens através de telemóveis pode apresentar riscos de segurança e privacidade. A disseminação não autorizada de conteúdo sensível pode criar situações desconfortáveis e até mesmo prejudiciais para os estudantes.
Proibição de telemóveis na escola: desafios e caminhos
Muitas instituições educacionais têm proibido o uso de telemóveis como resposta aos desafios percebidos associados ao seu uso.
Essa medida tem a intenção de criar um ambiente mais focado e disciplinado. Porém, ela também levanta questões sobre restrições aos benefícios potenciais que os dispositivos móveis podem oferecer no contexto educacional.
Proibir o uso de telemóveis pode ser desafiador devido à facilidade de estar em vários lugares ao mesmo tempo desses dispositivos na vida cotidiana dos estudantes. A fiscalização efectiva e consistente dessa proibição pode ser difícil, especialmente durante os intervalos e fora das salas de aula.
A imposição de uma proibição estrita pode resultar na resistência por parte dos estudantes. Lembre-se que muitos jovens consideram os telemóveis como uma extensão de sua vida social e uma ferramenta essencial de comunicação.
Proibir o uso de telemóveis pode limitar a oportunidade de desenvolvimento da autonomia e responsabilidade no gerenciamento do tempo de tela. Em vez de proibir, algumas abordagens promovem o uso consciente e responsável.
Telemóveis nas escolas de outros países
Fontes:
https://agenciadobrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2024-08/seis-em-cada-10-escolas-tem-regras-para-uso-do-celular-pelos-alunos
https://www.arvore.com.br/blog/celular-na-escola
https://www.colegiocj.com.br/o-uso-do-celular-em-sala-de-aula
https://www.sponte.com.br/uso-do-celular-em-sala-de-aula
https://exame.com/brasil/uso-de-celular-mecdiscutira-se-proibicao-sera-so-em-salas-de-aula-ou-em-toda-a-escola/
Texto adaptado por: Profª Eliane Ap. Zulian Delázari