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Dislexia: sintomas, diagnóstico e tratamento
A dislexia é um transtorno do neurodesenvolvimento que afecta habilidades básicas de leitura e linguagem. Ela tem suas raízes em diferenças nos sistemas cerebrais responsáveis pelo processamento fonológico que resultam em dificuldade para processar os sons das palavras e associá-los com as letras ou sequências de letras que os representam. Outros factores que podem vir associados são déficits nas funções executivas, dificuldades no processamento auditivo e/ou visual e desenvolvimento psicomotor.
A dislexia é considerada um transtorno específico de aprendizagem porque seus sintomas geralmente afectam o desempenho acadêmico de estudantes sem que haja outra alteração (neurológica, sensorial ou motora) que justifique as dificuldades observadas. O significado de dislexia vem do grego “dis” (dus), que quer dizer dificuldade, e “lexis”, linguagem. Embora não tenha cura, a dislexia pode ser controlada com estratégias adequadas, que vão da psicologia à fonoaudiologia.
A dislexia é um distúrbio genético em que o cérebro, por razões ainda não muito bem esclarecidas, tem dificuldade para encadear as letras e formar as palavras, e não relaciona direito os sons às sílabas formadas. Como sintoma, a pessoa começa a trocar a ordem de certas letras ao ler e escrever.
Entenda: dislexia não tem nada a ver com Q.I. (quociente de inteligência) mais baixo, vide exemplo de pessoas disléxicas como Albert Einstein, um dos físicos mais importantes da história, ou até mesmo do criador da Apple, Steve Jobs. Disléxicos se atrapalham com as palavras, mas costumam ir bem nos cálculos, por exemplo. O comportamento varia também. Há disléxicos desorganizados e outros metódicos; existem aqueles falantes e outros muito tímidos.
A disfunção afecta preponderantemente o sexo masculino: são três meninos para cada menina. Existem diversos graus de intensidade e o diagnóstico costuma ocorrer na infância, quando a criança está a aprender a ler e escrever. Não é raro, porém, que casos mais leves sejam surpreendidos na adolescência ou fase adulta.
A abordagem com a dislexia se torna importante ao considerarmos que ela pode limitar o desenvolvimento nos estudos e na carreira e, em casos mais severos, levar ao abatimento e à depressão.
Há diferentes graus de dislexia, normalmente descritos como leve, moderado e severo. O grau de dislexia baseia-se, em geral, na severidade das dificuldades apresentadas pelo indivíduo.
Modelos multifatoriais das causas da dislexia
Segundo Hugh Catts, por muitos anos, defendeu-se que a dislexia seria causada por um único déficit subjacente, mais especificamente um problema no processamento fonológico. Dificuldades para armazenar, recuperar e/ou reflectir sobre os sons da língua gerariam problemas para as crianças aprenderem a organizar as letras em sons de palavras. Embora as pesquisas mais recentes mostrem que nem todas as crianças com dislexia tenham dificuldades fonológicas e que nem todas as crianças com dificuldades fonológicas tenham dislexia, isso resultou em modelos multifatoriais das causas da dislexia, que defendem que múltiplos factores funcionam juntos para causar as dificuldades de leitura. O problema fonológico pode ser uma dificuldade primária, mas interage com outros factores para aumentar ou reduzir a chance de dislexia.
Dr. Hugh Catts é Professor e Diretor da Escola de Ciências da Comunicação e Distúrbios da Universidade Estadual da Flórida. Seus interesses de pesquisa incluem uma identificação precoce e prevenção de deficiências de leitura.
Sintomas da dislexia
A fase das primeiras palavras de uma criança é uma alegria na família: é encantador vê-la começando a se comunicar. Geralmente o pequeno pronuncia suas primeiras palavras por volta de um ano e as primeiras frases por volta de um ano e meio a dois anos. Um atraso na fala deve acender um sinal de alerta – pode ser o primeiro indicativo de dislexia.
Os sinais de dislexia variam dependendo da idade. Se a criança tem um ou dois sinais, isso não significa que ele ou ela tem dislexia, mas ter vários dos sinais listados a seguir pode significar que a mesma deve ser avaliada por um profissional especializado.
Reconhecimento e diagnóstico da dislexia
É preciso ficar atento ao desenvolvimento da criança de forma geral e se notar qualquer dificuldade, procurar orientação de especialistas. O diagnóstico e o tratamento da dislexia exigem a participação de equipe multidisciplinar, com profissionais como pedagogo, neurologista, fonoaudiólogo e psicólogo, geralmente entre os 8 e os 9 anos de idade. No consultório, o especialista diferencia a dislexia de outros transtornos, como o déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), além de descartar problemas emocionais ou neurológicos que interfiram na leitura e na escrita.
Para se ter um diagnóstico é preciso fazer testes de audição e visão e provas de fluência verbal e desempenho cognitivo que permitirão avaliar a extensão das dificuldades.
Alguns sinais da dislexia na Educação Pré-escolar
Alguns sinais no Ensino Primário
Alguns sinais no Ensino Secundário (1º ciclo)
Alguns sinais no Ensino Secundário (2º ciclo) e Ensino Superior
Dislexia e os sinais mais comuns no cotidiano
A maioria dos disléxicos exibirá cerca de 10 dos seguintes traços e comportamentos que seguem. Estas características podem variar de dia-a-dia ou minuto-a-minuto. A coisa mais consistente sobre disléxicos é a sua inconsistência.
Geral
Visão, leitura e ortografia
Audição e Discurso
Escrita e habilidades motoras
Matemática e gestão do tempo
Memória e Cognição
Comportamento, Saúde, Desenvolvimento e Personalidade
Famosos com Dislexia
Você sabia que muitas pessoas famosas possuem dislexia? Sabia que grandes gênios, músicos, pintores e atletas também possuíam ou possuem este diagnóstico?
Confira abaixo alguns famosos disléxicos:
Albert Einstein
O tratamento
Embora a dislexia não tenha cura, é possível levar uma vida normal se houver suporte especializado desde cedo. O tratamento com fonoaudiólogo e psicólogo permite criar estratégias para superar as dificuldades com as palavras e outras eventuais barreiras no dia-a-dia. A terapia também é importante para dirimir possíveis crises de autoestima.
Como a criactividade é um traço marcante entre os disléxicos, aconselha-se os pais a estimular a criança a desenhar, pintar, tocar instrumentos musicais e praticar esportes. Com o avanço da tecnologia, o desenvolvimento dos disléxicos ganhou bons aliados. Alguns softwares e até videogames específicos treinam as habilidades na leitura e escrita e audiobooks estimulam a associação do som das palavras às letras correspondentes.
Fatores de risco
Histórico familiar
A prevenção
Por se tratar de um distúrbio genético, não há como prevenir a dislexia. A saída é detectá-la precocemente para assegurar o aprendizado da criança e sua qualidade de vida.
É importante lembrar que a dislexia geralmente envolve um conjunto de sintomas. A manifestação e a intensidade desses sintomas variam em cada pessoa.
Dislexia e TDAH: descubra as diferenças
Existem diversos mitos acerca desses dois transtornos psicológicos: tem gente que acha que são a mesma coisa, outros que TDAH é um sintoma de dislexia e, vice-e-versa. Mas não é nada disso. Dislexia e TDAH se diferem em suas características, sintomas e muitos outros factores.
TDAH e dislexia
É muito comum a confusão entre os dois problemas, visto que ambos são transtornos de desenvolvimento.
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH “é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.”
O que muita gente desconhece é que algumas crianças podem apresentar TDAH e dislexia ao mesmo tempo, algo que na área médica chama-se de comorbidade.
Algumas diferenças
Na dislexia, há a dificuldade na memorização de actividade verbal (letras, palavras e números). Já no TDAH, a criança apresenta apenas a dificuldade na memorização não verbal (espacial).
A criança com dislexia não consegue também memorizar canções e perceber rimas. Aquelas com TDAH não demonstram esse quadro.
O disléxico não consegue realizar provas escritas, enquanto o TDAH, sim.
O indivíduo com dislexia apresenta dificuldades de memorização, discernimento entre direita e esquerda, enquanto a com TDAH, não.
Orientações aos pais
Quanto mais cedo se fizer um diagnóstico, mais rápido a criança poderá contar com ajuda de profissionais adequados (fonoaudiólogos, psicólogos especializados). Assim, muito provavelmente também se conseguirá evitar problemas decorrentes que atingem a autoestima. A psicoterapia ajudará a criança a ter uma melhora na adaptação e mais qualidade de vida.
Se notar a presença de algum sinal de dislexia, é fundamental conversar com o professor da criança. Mas não fique dependendo somente da escola para realizar uma avaliação. O pediatra pode fazer o encaminhamento para que seja feito um teste.
É fundamental que os pais, professores e principalmente a criança entendam a natureza do problema de leitura, para que ela desenvolva uma opinião positiva sobre si mesma.
Para concluir, a neuropsicóloga Márcia Lazzarotto Vizzotto afirma que “E muito importante: não subestime a criança ou reduza suas expectativas. Trate-a sempre como uma pessoa com muitas variáveis, não simplesmente como alguém que tenha um problema de leitura. Deixe que suas habilidades – e não suas deficiências – a definam como pessoa!”.
Fontes:
https://www.institutoabcd.org.br/o-que-e-dislexia/
https://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/
https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-dislexia-causa-sintomas-diagnostico-e-tratamento/
https://www.telavita.com.br/blog/dislexia-e-tdah/
https://www.vittude.com/blog/dislexia-sintomas-diagnostico-tratamento/
Texto adaptado por: Profª Eliane Aparecida Zulian Delázari