Augusto Cury para educadores: “ensine perguntando”

Postado por inovar 26/10/2021 0 Comentários

Augusto Cury para educadores: “ensine perguntando”

Augusto Cury, psiquiatra, célebre psicoterapeuta contemporâneo, professor e escritor brasileiro. Cury é autor da Teoria da Inteligência Multifocal e seus livros foram publicados em mais de 70 países, com mais de 25 milhões de livros vendidos somente no Brasil.

Professor perguntador

“Você se tornar um professor perguntador, te dá a oportunidade de fazer desta pandemia um momento para formar pensadores e não repetidores de informação”.

Perguntar, questionar é o foco do pensamento de Cury em relação ao trabalho do professor em sala de aula. A sala de aula torna-se um ambiente riquíssimo, além das expectativas, se o professor souber aproveitar cada momento com os seus alunos.

O professor precisa estar atento porque mais do que uma boa formação, ele precisa ter equilíbrio emocional. Intenção todos têm de estar diante da sala, calmos, atentos, presentes com o aluno, nessa atitude empática, mas não podemos esquecer que são seres humanos. Muitas vezes o professor não está bem e pode ser que não tenha uma ferramenta que o ajude a regular as suas emoções, sistematizar os seus sentimentos.

Segundo Augusto Cury se não aprender a conversar com as tuas emoções, a perguntar como, quando e porquê, a questionar e duvidar de tudo aquilo que te controla, a dar um choque de lucidez em pensamentos perturbadores e ter autoridade de ser líder de si mesmo, o teu eu [self] tem capacidade para desenvolver saúde mental – tão falada, mas tão pouco alcançada. Tem que sair dessa posição passiva e ir para o palco da tua vida. Com esta posição Cury tem o intuito de incentivar os educadores a começarem uma mudança de pensamento neles mesmos e assim, positivamente em seus estudantes.

Autoconhecimento é a chave

Cury aborda, veementemente, que o autoconhecimento é o caminho para a estabilidade emocional do professor; a importância do autoconhecimento se torna uma jornada que todos devem empreender. O psicoterapeuta coloca ainda que a partir do lado do professor, pode-se praticar o “silêncio proativo”, termo utilizado por ele para designar o acto de calar-se diante de uma afronta, contrariedade ou ofensa e questionar-se, por exemplo: “por que comprei essa ofensa?”, ou “por que me angustiei ou me hipersensibilizei diante de uma crítica?”, “o quanto vale minha saúde mental para isso?”

O acto de se questionar faz com que as pessoas deixem de ter uma reacção mais racionalista e passa a gerir suas emoções. A viagem para dentro de si aumenta a resiliência e a lógica de “bateu-levou” já não será mais a primeira reacção em outros casos semelhantes. Principalmente quando a ofensa ou a contrariedade vem do aluno. Ter uma atitude diferente da elevação da voz, por exemplo, gera um outro impacto, segundo Cury.

Quanto ao estudante, é preciso empatia e mudar a era do apontamento de falhas, para a era da celebração dos acertos, acredita o especialista. No caso, deixar de sentenciar alunos com afirmações do tipo “se continuar assim, você vai dar em nada”, constrói em sua mente “janelas light” (que financiam o prazer, a tranquilidade, a serenidade e a lucidez) que são capazes de neutralizar a inquietação e a tendência à frustração. “Você deve semear com paciência e colher com perseverança, senão não é educação”.

Ensinar perguntando

“Seja um educador perguntador, exponha, mas instigue a curiosidade perguntando, usando exemplos na realidade deles ali mesmo da sala de aula, trazendo eles para a matéria e, principalmente, tocando a emoção. O fenômeno RAM (registro automático de memória - trata-se de lembranças, aprendizados e hábitos cognitivos que adquirimos com nossas experiências de forma automática e involuntária) deles vai registrar você de maneira privilegiada”.

Conforme Augusto Cury, se o professor for um mero explicador ou expositor de conteúdo, ainda que seja o melhor especialista em sua disciplina, ele não conseguirá cativar a atenção de seus alunos, pois a mente dos alunos hoje está hiperacelerada, com necessidade de muitos estímulos para viver migalhas de prazer por conta da “intoxicação digital” a que se submetem e que se o professor não souber competir com isso, ele vai frequentemente perder a atenção de seu aluno.

O psicoterapeuta chama a atenção dos educadores para não serem professores chatos, daqueles que insistem em algo, a repetir muitas vezes a mesma coisa ou o mesmo pedido centenas de vezes, isso abre uma janela killer (zona de conflito) e leva o aluno a repetir as mesmas coisas. Cury alerta que ao invés disso, celebre os acertos quando o aluno atender a uma ordem. Dessa maneira, o professor estimula o biógrafo do cérebro, o fenômeno RAM, a construir pequenos tijolos e arquivos. Não é você que muda o outro, ele mesmo se reinventa. Pouco a pouco, a realidade dos comportamentos mais inadequados tem possibilidades reais de mudança. O aluno se torna mais saudável e o professor também se torna mentalmente mais saudável.

Fonte: https://revistaeducacao.com.br/2021/05/13augusto-cury-para-educadores/

Texto adaptado por: Profª Eliane Ap. Zulian Delázari