Transtorno do Processamento Auditivo Central – TPAC

Postado por inovar 01/04/2025 0 Comentários

Transtorno do Processamento Auditivo Central – TPAC

 

 

 

 

A área da educação nem sempre é cercada somente por sucessos e aprovações. Muitas vezes, no decorrer do ensino, nos deparamos com problemas que deixam os alunos paralisados diante do processo de aprendizagem, assim são rotulados pela própria família, professores e colegas.

 

É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos a essas dificuldades e observar se são momentâneas ou se persistem há algum tempo.

 

As dificuldades podem advir de factores orgânicos ou mesmo emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo educativo e perceber se estão associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza, agitação, desordem, dentre outros, considerados factores que também desmotivam o aprendizado.

 

Dentre essas dificuldades temos o Transtorno do Processamento Auditivo Central conhecido também como Disfunção Auditiva Central e afecta as vias centrais da audição. Sendo assim, atinge as áreas do cérebro relacionadas às habilidades auditivas e dificulta a detecção e a interpretação das informações sonoras. Dessa forma, a pessoa ouvirá, porém terá dificuldades em interpretar a mensagem recebida. Entre os sintomas destacam-se a dificuldade de memorização em actividades diárias, não conseguir ler e escrever, fadiga nas aulas, demorar a compreender o que foi falado, falta de atenção ou distração em excesso, necessidade de que a pessoa repita as frases, agitação e dificuldade para executar tarefas solicitadas.

 

 

O que é Processamento Auditivo Central (PAC)?

 

 

 

 

É a habilidade do Sistema Auditivo Nervoso Central em utilizar a informação auditiva. Isto é, é aquilo que o cérebro é capaz de fazer com o que ouvimos. O Processamento Auditivo Central envolve não somente a percepção dos sons, mas mais importante do que isso, envolve como nós identificamos, localizamos, temos atenção, analisamos, memorizamos e recuperamos a informação auditiva.

 

Alterações no Processamento Auditivo Central pode ser confundido com TDAH – Transtorno de Déficit Atenção com Hiperatividade, já que dificuldades no processamento do som podem ocasionar desatenção e, consequente agitação. Ao não conseguir processar o som no tempo ou de forma adequada, a pessoa deixa de compreender a mensagem auditiva, ou fica “atrasada” no entendimento do que está a ser dito. Facilmente esta condição leva à desatenção e agitação, especialmente em sala de aula, onde o conteúdo auditivo tem grande importância.

 

 

O que é o Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC)?

 

É quando a pessoa tem a queixa de não ouvir bem, mas tem audição normal, ou seja, a dificuldade está em processar auditivamente a informação recebida.

 

Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) é a alteração ou falta de habilidade na recepção, análise e processamento da informação que chega pela via auditiva. Há uma dificuldade em localizar, discriminar, reconhecer, memorizar e compreender a fala, mesmo quando a audição periférica está normal e outras funções cognitivas estão preservadas. Isto é, o indivíduo não consegue analisar e/ou interpretar o que ouve em situações de vida diária, de aprendizagem e durante a aquisição de linguagem.

 

O TPAC pode ocorrer juntamente com outras alterações tais como o Transtorno de Aprendizagem, Transtorno Específico de Linguagem (DEL) e TDAH.

 

O TPAC pode causar sérios impactos psicoemocionais, educacionais e sociais. Pode afectar a compreensão de fala, o desenvolvimento das habilidades linguísticas e a capacidade de percepção dos sons, a prejudicar desta forma o aprendizado escolar, já que com o TPAC o processo cognitivo se inicia com alteração.

 

 

Quais pessoas podem apresentar o TPAC?

 

As dificuldades no Processamento Auditivo Central podem ocorrer em crianças e adultos.

 

Como é feita o diagnóstico do TPAC?

 

A avaliação é multiprofissional a contar com avaliação fonoaudiológica, neuropsicológica, neurológica e psiquiátrica. No entanto, a avaliação específica do processamento auditivo é realizada por uma fonoaudióloga que realiza testes em cabine acústica, onde o indivíduo é colocado com fones auriculares através dos quais são aplicados os testes. Podem ser avaliados pessoas a partir da idade mínima de 6 anos.

 

 

 

 

Quais as manifestações no comportamento de uma pessoa com TPAC?

 

  • Fala muito “Hã?”, “O que?”
  • Tem dificuldades em entender piadas ou duplo sentido
  • Os problemas de matemática são difíceis de interpretar
  • Tem dificuldade em contar um facto ou história
  • Possui dificuldade em seguir uma sequência de tarefas que lhe foi falada
  • Tem fala diferente de outras crianças da mesma idade
  • Tem dificuldades para ler ou escrever ou outras dificuldades escolares
  • Faz inversões de grafemas (letras)
  • Troca de letras na fala (principalmente das letras ‘L’ e ‘R’) ou na escrita, com a inversão das letras ‘B’, ‘D’, ‘P’ e ‘Q’;
  • Troca de sons semelhantes, como P/B, T/D, F/V, M/N.
  • Tem alterações na noção de lateralidade
  • Tem agitação, hiperatividade ou apatia
  • Há dificuldade em compreender a mensagem acústica em ambientes ruidosos
  • Dificuldades quanto à comunicação oral e escrita, do comportamento social
  • Na criança há dificuldade de manter a atenção durante explicações verbais
  • Dificuldades de memorizar nomes e frases
  • Atrasos no desenvolvimento da linguagem

 

 

Por ter sintomas muito semelhantes, o TPAC pode ser facilmente confundido com outras condições, como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

 

Vale ressaltar que, apesar de serem transtornos diferentes com suas próprias especificidades, o paciente também pode apresentar associação de um ou mais transtornos.

 

Por isso, é importante passar por uma consulta com um profissional especializado, que irá diagnosticar correctamente as condições.

 

As causas do Transtorno do Processamento Auditivo Central são, muitas vezes, desconhecidas e relacionadas com algumas das questões abaixo:

 

  • Genética;
  • Otites de repetição;
  • Lesões cerebrais por anoxia ou traumatismo craniano;
  • Presença de outros distúrbios neurológicos;
  • Atraso maturacional das vias auditivas do Sistema Nervoso Central;
  • Envelhecimento natural do cérebro.

 

Conheça o tratamento do Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC)

 

O tratamento para Transtorno do Processamento Auditivo Central pode ser feito por uma equipa multidisciplinar, composta por fonoaudiólogos, audiologistas, psicólogos, pedagogos, entre outros, de acordo com as particularidades de cada caso.

 

O trabalho específico da fonoaudióloga é feito com mudanças no ambiente, com intervenção directa denominada Treinamento Auditivo. Este treinamento se baseia no facto de que o cérebro humano é um órgão capaz de mudar e reorganizar suas conexões neurais, e para isso ele necessita de exercícios práticos e estimulação, com estímulos verbais e não verbais em vários contextos. A intervenção indirecta refere-se à orientação aos pais e aos educadores quanto a adaptações na rotina diária.

 

 É feito um planejamento terapêutico que pode seguir duas vertentes:

 

  • Treinamento auditivo: que pode ser feito em cabine de audiometria ou em sessão formal em sala em que são executadas diversas tarefas acústicas capazes de ativar ou modificar o sistema auditivo, utilizando equipamentos específicos para monitorar estímulos sonoros. Ainda, são estimuladas as habilidades da audição por meio de estratégias auditivas, bem como da fala, da escrita e da memória.
  • Aparelhos auditivos: em casos onde a perda auditiva já foi confirmada, o uso de aparelho que amplia a capacidade de ouvir do paciente pode ser recomendado, seja um aparelho auditivo ou implante coclear.

 

Para as crianças diagnosticadas, é essencial que haja um trabalho entre pais, escola e professores para que os pequenos consigam superar as dificuldades no aprendizado e na socialização.

 

Os professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descoberta desses problemas, porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos. O papel do professor se restringe em observar o aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem e tornar as aulas mais motivadas e dinâmicas, não rotular o aluno, mas dar a oportunidade de descobrir suas potencialidades.

 

Fontes:

https://brasilescola.uol.com.br/educacao/dificuldades-aprendizagem.htm/

https://neuroconecta.com.br/conheca-os-principais-transtornos-de-aprendizagem/

https://tdahcampinas.com.br/transtorno-do-processamento-auditivo-central-tpac/

https://www.reginaortega.com.br/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-transtorno-do-processamento-auditivo-central/

Texto adaptado por: Profª Eliane Ap. Zulian Delázari