Aula expositiva e Aula dialogada: relevância no momento certo

Postado por inovar 01/08/2022 0 Comentários

Aula expositiva e Aula dialogada: relevância no momento certo

 

 

Aula expositiva: o professor no centro das atenções

 

Essencial para apresentar um tema, sintetizar informações já trabalhadas ou fechar um conceito, a aula expositiva é o momento em que você tem a palavra. Saiba por que esse recurso deve ser valorizado e aprenda com quem já o inclui de forma produtiva no planejamento.

 

Durante muito tempo, a aula expositiva foi o único procedimento empregado em sala de aula. No século passado, no entanto, ela perdeu espaço na escola e até passou a ser malvista por muitos educadores, já que se tornou a representação mais clara de um ensino directivo e tradicional, que tem por base a transmissão do conhecimento do mestre para o aluno. Não é bem assim. Se bem planejada e realizada, essa estratégia de ensino - em que você é o protagonista e conduz a turma por um raciocínio - pode ser o melhor meio de ensinar determinados conteúdos e garantir a aprendizagem da turma. Mas atenção: ela nunca pode ser o único recurso usado em classe e deve sempre fazer parte de uma sequência de actividades. 

 

 A aula expositiva se consolidou como prática pedagógica na Idade Média pelas mãos dos jesuítas, se transformando na estratégia mais utilizada nas escolas - quando não a única. A transmissão do conhecimento, sobretudo pela linguagem verbal, era uma corrente hegemônica. Acreditava-se que bastava o mestre falar para as crianças aprenderem. O século 20 trouxe luz sobre o processo de ensino e aprendizagem, e pesquisadores como Jean Piaget (1986-1980), Lev Vygotsky, (1896-1934), Henri Wallon (1879-1962) e David Ausubel (1918-2008) demonstraram a importância da acção de cada indivíduo na construção do próprio saber e o papel do educador como mediador entre o conhecimento e o aluno. Com base nisso, a escola passou a valorizar outras formas de ensinar, como aquelas que envolvem a resolução de problemas, os trabalhos em grupo, os jogos e as pesquisas.

 

 

A disseminação dessas práticas e o facto de a aula expositiva ser associada a uma didáctica ultrapassada fizeram com que ela - injustamente - fosse ficando de fora do planejamento de muitos docentes. Não é a actividade em si que indica se o professor segue uma ideia tradicional de ensino, mas a forma como ele actua em todos os momentos. Aqueles que ainda trabalham com a perspectiva de transmissão do conhecimento não necessariamente usam só a aula expositiva. Eles podem até propor actividades práticas no laboratório de Ciências, por exemplo, e mesmo assim cobrar apenas a memorização dos alunos. Por outro lado, há os que passam uma significativa parte de seu tempo apresentando uma série de informações em frente à classe e estão, sim, interessados na aprendizagem de cada um dos estudantes.

 

Levar em consideração os conhecimentos prévios das crianças, relacionar os conteúdos ao cotidiano delas, problematizá-los e sistematizá-los e tornar a aprendizagem significativa são algumas das premissas que devem estar presentes em todas as actividades planejadas, e com a aula expositiva não é diferente. Quando esses aspectos são levados em conta, ocorre um distanciamento do modelo tradicional e uma aproximação da aula expositiva dialogada.

 

Aula dialogada: o professor e os alunos no centro das atenções

 

 

 

A aula dialogada, como bem nos retrata o próprio conceito, caracteriza-se como um recurso didáctico em que se manifesta pela exposição de conteúdos, sem dúvida, contudo, havendo a participação, o envolvimento dos educandos de forma efectiva. Portanto, nesse contexto, o educador actua como mediador, cuja proposta é deixar lacunas para novas discussões, reflexões e questionamentos acerca do objecto em estudo, sempre levando em consideração os conhecimentos prévios que dele provém.

 

A participação dos alunos pode ocorrer de diversas formas, eles podem participar oralmente ou apenas reflectir, em silêncio. Para tanto, o que está sendo apresentado precisa fazer sentido para os alunos e mobilizar seus conhecimentos. É essencial também que o professor conheça todos muito bem, porque durante sua fala ele deve observar a reacção dos alunos, ver se estão atentos, com expressão de dúvida e estranhamento ou se demonstram interesse.

 

Levantar questões e incentivar a participação de todos, quando necessário, por vezes é um desafio. Há crianças e jovens que ficam mudos por timidez ou medo de falar algo errado ou ainda serem motivo de chacotas temendo as gozações dos colegas. Para mudar esse contexto leva tempo e requer um trabalho árduo do professor de conscientização. É no dia-a-dia que essa confiança do grupo é construída.

 

Entre a aula expositiva e a aula dialogada há diferenças que se distinguem entre si, tornando aplicáveis a cada situação de ensino.

 

Quando a aula expositiva ou a aula dialogada se tornam a melhor saída

 

Não existe fórmula para determinar o momento de optar por essas estratégias de ensino. Elas podem abrir um assunto, serem usadas no meio de uma sequência ou no fim dela. Isso é definido no planejamento, quando se avaliam os procedimentos a serem utilizados, de acordo com a disciplina, o conteúdo e os objectivos a serem alcançados, como nos exemplos a seguir:

 

- Apresentar informações. Essa utilização é importante quando novos dados sobre um tema que está sendo estudado se tornam essenciais para cumprir as actividades propostas. Em Ciências, por exemplo, isso funciona após um experimento, quando os jovens não conseguem explicar o que ocorreu apenas pela observação dos resultados. Para que avancem, o professor apresenta conhecimentos que eles não seriam capazes de encontrar e compreender sozinhos.

 

- Relacionar dados sobre um tema. Em História, por exemplo, a discussão sobre uma situação vivida no passado serve como base para compreender factos actuais, suas causas e suas consequências. Nem sempre um texto lido ou uma actividade são suficientemente completos a ponto de levar a garotada a analisar diferentes contextos que atendam ao planejamento. A forma como o professor desenvolve o raciocínio, estabelecendo conexões entre dados aparentemente sem ligação, faz com que se torne uma referência. "O bom educador é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento", diz Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa.

 

- Expor um repertório novo. Isso ocorre quando o tema em questão é algo tão distante do dia-a-dia dos alunos a ponto de eles serem incapazes de elaborar hipóteses. Em Língua Portuguesa, um exemplo é o momento de iniciar o trabalho com géneros e autores não estudados. Como pedir que os jovens deem uma opinião sobre o trabalho de um ícone da literatura sem conhecer a época e o local em que viveu, a sociedade de que fazia parte e as influências que seu trabalho sofreu? Uma boa aula introdutória é capaz de envolver a sala e instigar todos a pesquisar mais sobre o escritor e a ler vários de seus textos.

 

- Sistematizar conteúdos já trabalhados. Funciona bem nas aulas de Matemática, por exemplo, quando as crianças já fizeram actividades de cálculos ou participaram de jogos e são capazes de compreender um conceito, como o de subtração. Muito diferente, portanto, de introduzir o conteúdo escrevendo no quadro uma definição dele.

 

- Retomar conceitos não compreendidos. Se após uma avaliação fica constatado que muitos na sala não entenderam um assunto, a aula expositiva ou mesmo a aula dialogada se transforma em opção para revisar e reflectir sobre os erros cometidos. A estratégia é útil em todas as áreas.

 

O nível de atenção muda com a idade

 

 

 

É muito difícil delimitar a duração de uma aula expositiva ou dialogada, quando começam e terminam. Elas podem se restringir à fala que antecede a apresentação de um filme ou à discussão sobre as conclusões a respeito dele. Frequentemente, as aulas expositivas mais extensas ocorrem nas classes finais do Ensino Primário e no Primeiro e Segundo Ciclo do Ensino Secundário. Não é à toa. A capacidade de manter-se atento neste tipo de aula e sobretudo de fazer da linguagem um instrumento de pensamento é construída ao longo do desenvolvimento, como explica Marta Kohl de Oliveira no livro Vygotsky: Aprendizado e Desenvolvimento de um Processo Sócio-Histórico. Segundo ela, com o passar do tempo o indivíduo se torna cada vez mais apto a dirigir sua atenção a aspectos definidos como relevantes. É por isso que os maiores conseguem se concentrar por mais tempo e reflectir sobre o que é dito em sala.

 

A autora diz ainda que o aluno vai se apropriando do conhecimento à medida que o transforma em linguagem, isto é, quando consegue expressar o que aprendeu. Isso não significa, no entanto, que quem lecciona para as primeiras classes do Ensino Primário deva excluir as aulas meramente expositivas. A criança - apesar de se dispersar com mais facilidade - aprende ao longo da escolarização a ter uma escuta mais atenta e eficaz. Apesar de esses momentos não poderem ser muito longos, eles também são fundamentais para o polivalente, ao expor as regras de um jogo para a sala ou estabelecer relacções entre diferentes versões de um mesmo conto lido, por exemplo.

 

Independentemente do nível em que se lecciona, é preciso se preocupar sempre com o que vem após a aula somente expositiva. Mesmo que ela tenha sido bem planejada, contado com variados recursos e abordado informações relevantes, o trabalho não está concluído. É impossível garantir que os estudantes compreendam sempre tudo o que é exposto, como em qualquer outra situação de comunicação.

 

Por isso, é necessário ter o cuidado de investigar o que ficou do que foi dito, se aquilo que o professor falou foi compreendido da forma como foi passado, cada qual com suas particularidades de compreensão, porém sem distorce-la. Para se certificar do sucesso da empreitada, inúmeras estratégias são válidas, como pedir a síntese individual dos aspectos mais importantes discutidos em sala e a comparação desses registros com os dos colegas. É notório que o aluno demonstra que aprendeu quando consegue verbalizar o conhecimento e esse processo pode ser uma valiosa ferramenta de avaliação não só dos alunos, mas também do próprio trabalho docente.

 

Segredos da boa aula, seja expositiva ou dialogada

 

Veja do que você precisa para garantir o sucesso dessas importantes estratégias de ensino

 

- Dominar o conteúdo. Para demonstrar segurança e conduzir bem a actividade, estude o assunto a fundo.

 

- Planejar bem. Leve em consideração os conhecimentos prévios da turma sobre o tema e tenha clareza sobre o que os alunos vão aprender. Depois, articule essa estratégia a outras.

 

- Esquematizar as ideias a serem apresentadas. Isso ajuda a gerir o tempo da aula e a não se perder.

 

- Escolher os suportes mais adequados. Pode ser simplesmente o quadro - ou filmes, imagens, mapas e documentos históricos, por exemplo.

 

- Antecipar as dúvidas da turma. Pense em como articular a sua fala e a dos alunos ao objectivo principal da aula.

 

- Avaliar o que foi aprendido. Faça isso por meio de outras actividades, como uma síntese individual ou em grupo sobre o que foi discutido.

 

- Aprender com a prática. Busque reconhecer quando a garotada ficou mais atenta ou se se dispersou para corrigir possíveis erros de encaminhamento.

 

- Melhorar sua capacidade comunicativa. Avalie as próprias aulas com recursos como o vídeo e o gravador, prestando atenção em gestos e tom de voz.

 


Tipos de aula e seus respectivos conceitos

 

Entre os tipos de aula mais conhecidos, temos o colóquio, o seminário, a aula expositiva, a aula dialógica, a aula magistral, a aula demonstrativa e a aula prática.

 

Colóquio: o colóquio é uma modalidade de apresentação verbal muito usada em congressos ou encontros técnicos e científicos, se diferenciando do Seminário por conta do seu menor grau de aprofundamento no tema. Isso ocorre devido ao tipo de público, nesse caso, constituído por não especialistas no assunto ou mesmo leigos.

 

Seminário: como o colóquio, o seminário é uma modalidade de apresentação muito comum em congressos ou reuniões científicas, no qual um especialista discorre sobre um determinado tema de sua área de actuação, para uma plateia formada por especialistas.

 

A grande diferença para o colóquio, portanto, é a profundidade da abordagem. Enquanto no seminário, por ser voltado a especialistas, busca-se um aprofundamento do assunto; no colóquio, a abordagem é mais superficial, já que o público é leigo.

 

Aula expositiva clássica: a aula expositiva clássica é a mais comum nas escolas de todos os níveis. Nesse tipo de aula, o professor discorre sobre determinado assunto durante algum tempo, sendo que a postura dos alunos é totalmente passiva.

 

Aula dialogada (dialógica): a aula expositiva dialogada, também chamada dialógica, é um tipo de aula onde o professor quebrará a postura passiva dos seus alunos, por meio da introdução de questionamentos a serem respondidos pelos alunos, dinamizando a actividade em sala de aula.

 

Aula magistral: na aula magistral, o professor, que geralmente é um especialista de renome, discorre sobre o tema proposto, oferecendo uma visão mais ampla sobre o assunto. Depois, o tema da aula será desenvolvido de forma mais detalhada em grupos menores, em um momento conduzido por monitores, ou mesmo, professores auxiliares do especialista.

 

Aula de demonstração: a demonstração é um tipo de aula onde o professor, com o uso de equipamentos e outros materiais, inclusive experimentais, demonstra a operação, os efeitos ou mesmo uma lei científica. Ao mesmo tempo, o professor discorre sobre o tema, relacionando seus aspectos teóricos e práticos.

 

Aula prática: a aula prática tem como principal característica o uso de equipamentos e materiais, com os quais os alunos fazem algum tipo de experiência sobre uma lei científica ou os efeitos dela, relacionando seus aspectos teóricos e práticos, sendo, por isso, uma metodologia de trabalho activa.

 

Fontes:

 

https://novaescola.org.br/conteudo/1402/aula-expositiva-o-professor-no-centro-das-atencoes

https://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/aula-expositiva-aula-dialogada-diferencas-que-as-demarcam.htm

https://www.cpt.com.br/cursos-metodologia-de-ensino/artigos/tipos-de-aula-e-seus-respectivos-conceitos

 

Texto adaptado por: Profª Eliane Ap. Zulian Delázari