Autoridade Versus Autoritarismo

Postado por inovar 07/02/2019 0 Comentários

 

Autoridade Versus Autoritarismo 

 

 

   Actualmente temos ouvido muito sobre a falta de autoridade do professor dentro da sala de aula. Ouvimos notícias em que o aluno desrespeita o professor e o mesmo exagera em relação ao tratamento com este aluno deixando emergir o autoritarismo.

 

   Para que possamos entender um pouco esse binômio autoridade/autoritário é preciso ater-se a uma única, porém, significativa distinção: Um elemento comum entre autoridade e autoritarismo, é o poder. Uma autoridade tem seu poder legitimado por aqueles que a reconhecem como alguém admirável. No entanto, o autoritarismo é o poder imposto, sem que haja com isso reconhecimento daquele que é autoritário como alguém de autoridade. Parece complicado, mas não! Veja: aquele que admiramos é autoridade para nós. Autoridade como ser humano, como profissional, enfim, admiramos quem é, o que faz e como faz. Portanto, autoridade te a ver com admiração e respeito, não somente com obediência e submissão. Ser autoritário é justamente o oposto, querer impor aquilo que não é legitimado.

 

“(...) Ora, a autoridade do professor nada tem a ver com policialismo; tem sim a ver com a conquista de uma disciplina de vida que não se aprende em manuais, mas na própria escalada dos obstáculos naturais” (Regis de Morais, Sala de aula – Que espaço é este? p. 21-28)

 

   É visível, em alguns casos, a arrogância com que muitos professores e alunos se julgam um ao outro, quanto a benevolência com que se julgam a si mesmos, ambos são comportamentos antiéticos que frequentemente evoluem para práticas educativas relapsas ou autoritárias.

 

   Neste contexto, é impossível construir uma relação saudável entre professor e alunos quando os pensamentos, as acções e os objectivos daquele encontro pedagógico são correspondem.

 

   Para mudar o rumo desse impasse desastroso e constituir um espaço pedagógico estimulante e significativo, é indispensável criar um clima de respeito mútuo. Este só nasce de relações justas, francas, equilibradas e generosas, em que tanto a autoridade do professor quanto as liberdades dos alunos se assumam criticamente.

 

   O bom senso pedagógico nos mostra que a autoridade do professor é um facto, pois ela é inerente a sua própria função docente.

 

   Na sala de aula, a autoridade que o professor exerce decorre também de duas funções inerentes à sua atividade docente: a autoridade incentivadora e a autoridade orientadora.

 

   A autoridade do professor é aquela de quem incentiva o aluno a continuar estudando e fazendo progressos na aprendizagem, e a autoridade de quem orienta o esforço do aluno no sentido de alcançar os objectivos por ambos desejados, visando a construção do conhecimento. É a autoridade amiga, de quem estimula, incentiva, orienta, reforça os acertos, mostra as falhas e ajuda a corrigi-las. É a autoridade de quem auxilia a descobrir alternativas, mostra caminhos e abre perspectivas.

 

“(...) o papel do educador não é confiscá-la, mas atestá-la; (...); se lhes corrige as faltas (dos alunos), admite ser também corrigido; se exige que deem razão de seus atos, admite que lhe peçam a razão dos seus. Não está acima deles, está com eles”. (Olivier Reboul, Filosofia da Educação, p.53).

 

 

Profª Eliane Ap. Zulian Delázari
Coordenadora do INOVAR Educação de Excelência